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segunda-feira, 11 de abril de 2016

Haja coração para aguentar...


...tanta fofura!
A gatinha da minha mãe teve dois gatos. Mal nasceram, tratou de os limpar, alimentar e aquecer. Ninguém lhe disse como se fazia. Estava a ser mãe pela primeira vez. Na aflição de os ter, procurou um lugar seguro e só quando o encontrou, conseguiu trazê-los ao mundo. Sim, estou a falar de gatos e de uma mãe gata. 
Há diferença?
Ninguém sabe o que é ser mãe até sê-lo de verdade. Fazemos de conta desde pequenas, brincamos com nenucos, damos papinhas, biberão, mudamos fraldas, passeamos com os bonecos nos carrinhos, desempenhamos esse papel vezes sem conta ao longo da nossa vida. E depois a coisa materializa-se, somos mães.
Damos à luz. Falta-nos o ar de tanto gostar. Não conhecíamos essa dimensão do amor. Longe estávamos de a conhecer. Vivemos intensamente os cheiros e sons e estamos eternamente enamorados pelos nossos filhos. Ninguém nos ensina, e nós aprendemos tudo no momento em que eles nascem. Somos seres humanos incríveis. Somos dotadas de um botão que se liga e nunca mais se desliga.
Maravilhoso, não é? Depois de ligado não há volta a dar.
Há consequências? Sim há.
A nossa ansiedade e preocupação hierarquiza-se numa pirâmide crescente. Começamos pelas questões do desenvolvimento, as doenças normais da infância, a escola, as amizades, a carta de condução, os estudos, os namoros, as companhias, as saídas à noite, os copos, os cigarros, as rebeldias, até ao dia em que fazem o seu próprio ninho e constroem a sua própria família e voam. E quando pensamos que o botão não precisa de estar sempre em alerta, aí a pirâmide volta a aumentar. Queremos que tudo corra bem com o casamento, com o trabalho, com as relações, com os netos, etc.  
Arrisco a dizer que não há limite quando se é mãe, mesmo se a memória em idade avançada nos pregar partidas e nos baralhar a mente. A ligação aos filhos é visceral e não desaparece, mesmo que o Alzhemeir não deixe lembrar o nome ou o grau de parentesco, o coração sabe que existe uma ligação. Conheço casos assim e acredito no poder do amor de uma mãe.
Saber dosear a preocupação é mestria, um exercício constante e diário, para que não se sufoque quem mais amamos.
Se voltasse atrás mudaria alguma coisa? Nem uma vírgula.
E a gatinha? Também me parece que não.

5 comentários:

  1. Também a mim, mesmo não sendo mãe, me parece que não há diferenças. Mãe será mãe, independentemente do reino, grupo ou espécie. Espero ainda um dia poder confirma-lo na primeira pessoa. Mesmo, mesmo à flor da pele, amiga.

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  2. Fantástico exercício mental e literário. Parabéns!

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  3. Que bonito texto :)

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